Delegado Trivella ; A defesa do Poder

O católico Flávio Luiz Trivella não pode responder tudo o que lhe perguntam sobre a visita do papa Bento XVI ao Brasil. Razões de segurança o impedem. Não pode, por exemplo, dizer se o papa usará colete à prova de balas. Trivella, que é delegado da Polícia Federal, estará mais próximo de Joseph Ratzinger do que a maioria dos hierarcas da Igreja. O que lhe permitirá esse acesso ao líder espiritual de sua religião é o fato de ele ter sido escolhido para exercer uma função especial: a de mosca ou sombra do papa. Se algo der errado e um fanático atentar contra Ratzinger, ele é que salvará Bento XVI, retirando-o dali ou protegendo-o com o próprio corpo e vida.

Não que isso seja algo novo na vida de Trivella. Há algum tempo , o delegado desempenhou função semelhante para um alvo muito mais visado: o presidente americano George Bush. “Ele elogiou muito o nosso trabalho e me deu um bóton da presidência”, revela com orgulho o policial. O homem de 52 anos mostra preocupação ao falar sobre seu trabalho. “Terei a visão de onde o papa estiver que me permitirá enxergar todos os pontos frágeis que devem ser sanados.”

Como sua função já diz, ele ficará sempre nas costas do papa a pé e no papamóvel. “Não podemos ser tão ostensivos como no caso do Bush. No caso do papa, a segurança tem de existir mas não pode ser aparente.” Outros cinco agentes federais estarão constantemente com Bento XVI. Um deles será o motorista do papamóvel. Os outros quatro acompanharão Trivela nos deslocamentos a pé do papa. “Haverá um módulo em forma de losango em torno de Sua Santidade deslocando-se com o papa sem atrapalhá-lo. Todos os agentes foram escolhidos a dedo.” As informações são de O Estado de S.Paulo.

O esquema de segurança que está em fase de preparação para receber o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, nos dias 8 e 9 de março, é o maior já preparado para uma autoridade estrangeira no país.
A reportagem apurou que o presidente norte-americano e sua comitiva terão um hotel inteiro à disposição, vigiado por terra por policiais e por ar pela FAB (Força Aérea Brasileira). Dentro do edifício, o acesso será bastante restrito aos próprios funcionários do hotel -cujo nome não é divulgado.
“Nunca houve um chefe de Estado considerado tão de alto risco. Se fosse antes do ataque de 11 de setembro, talvez não fosse assim. Mas, em virtude do momento vivido pelos EUA, sabemos que a segurança é uma questão muito delicada”, disse o delegado Flávio Luiz Trivella, 52, responsável pela coordenação da segurança de Bush.
Os preparativos para a recepção começaram há dois meses. Além da Polícia Federal, participam da operação membros do Exército, da FAB, da Abin (Agência de Inteligência Nacional), da Receita Federal (cuidarão da aduana), da Polícia Militar, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Civil. Todos têm se reunido ou conversado ao telefone diariamente.

Papa Francisco – Visita ao Brasil – Acervo Fotográfico :Flavio Trivella

Visita do Papa Bento XVI ao Brasil – Acervo Fotográfico: Flavio Trivella

As reuniões são acompanhadas por agentes do serviço secreto dos EUA, que submetem as decisões à Casa Branca.
A inclusão do Exército na operação foi um pedido feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontrará com Bush em São Paulo.
Segundo Trivella, um reforçado esquema de segurança justifica-se pelo fato de Bush ter muito inimigos declarados. “Tanto o presidente Bush quanto o papa Bento 16, que logo estará no Brasil, são considerados “nível um” de segurança, ou seja, o mais alto das classificações. Mas a segurança do presidente é considerada mais delicada justamente por ele ter mais desafetos.”
A preocupação é tanta que detalhes da estrutura em não são divulgados. Nem número de policiais brasileiros e norte-americanos nem eventuais trajetos que serão percorridos pela comitiva serão revelados.
“O Brasil nunca foi alvo de ataques, mas, ao montar uma estrutura de segurança completa, não descartamos nenhuma possibilidade. Temos de pensar como terroristas e agir antes para evitar qualquer acidente”, afirmou Trivella.
O sigilo sobre a rota que será utilizada por Bush é para evitar possíveis atentados, mas também para desviar de manifestações contrárias à política norte-americana, que já estão sendo organizadas em São Paulo.
Todos os locais passaram por “varreduras” organizadas pela Polícia Federal -um pente-fino para detectar desde eventuais pontos que poderiam ser utilizados por terroristas até possíveis estruturas físicas com risco de desmoronamento.
“Tudo que possa oferecer uma certa vulnerabilidade é avaliado de forma ostensiva e detalhada. E isso várias vezes por semana. Pode ter certeza, cada lugar que o presidente Bush pisar terá sido avaliado por nós em todos os aspectos”, disse o delegado.
Outra preocupação levantadas foi em relação à comida que será servida ao presidente. A alimentação será preparada por pessoas de confiança, e alguns produtos virão dos EUA.
O armamento, segundo a polícia, será o que há de “mais atual no mundo” -as armas não são reveladas- e, enquanto Bush estiver em território brasileiro, o espaço aéreo será monitorado ostensivamente pela FAB. Nem mesmo a imprensa, a priori, poderá acompanhar o trajeto de Bush de helicóptero.

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Trivella coordenará mais sete agentes – quatro oficiais da Guarda Suíça e outros três agentes da Polícia Federal – no entorno do Papa. Se algo acontecer ao Pontífice, será ele o responsável por tirá-lo do local o mais rápido possível.

Católico, casado e sem filhos, Trivella está há quatro anos no Núcleo de Segurança de Dignatários, que protege autoridades em viagem pelo País. Antes, trabalhou como policial civil, somando 14 anos em forças públicas de segurança.

Trivella fez parte dos esquemas de segurança do presidente norte-americano George W. Bush, que o cumprimentou pessoalmente e lhe entregou um boton pelo trabalho, dos secretários de Estado americanos Colin Powell e Condoleezza Rice, dos presidentes da China e da Coréia, da rainha da Holanda e do premiê italiano Romano Prodi.

Durante a visita do Papa, mais de mil policiais federais – 400 a cada turno de oito horas – estarão envolvidos na segurança, além de homens do Exército e das polícias Militar e Civil, num total de 5 mil agentes.

Segundo Trivella, o esquema de segurança é semelhante ao que foi armado para receber Bush no início de março. “A segurança é tão forte quanto, mas não pode ser tão ostensiva”, diz ele. A diferença ocorre porque Bush não queria ser visto, e o Papa está aqui para, em alguns deslocamentos, ser visto e cumprimentado pelos fiéis.

A maior preocupação da segurança é com a vida do Papa. “O Brasil não tem histórico de atentados, mas a polícia trabalha sempre como se pudesse haver”, pondera o delegado.

About Mario Ameni

Mario Ameni, cerimonialista, consultor de eventos público-privado, com experiência em diversos setores do mercado. Atuando em Congressos, Seminários, Encontros Empresariais, com especial conhecimento em Recepção de Visitas Oficiais de Chefes de Estado estrangeiros.

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